Adriana Mallet, médica e co-fundadora da startup social, apresentou atuação inovadora durante palestra no Campinas Health, Technology & Innovation Summit
A quem é destinado à inovação da saúde digital? Essa pergunta foi tema da palestra de Adriana Mallet, CEO da SAS Brasil, startup social que desde 2013 atua levando saúde especializada por meio da inovação tecnológica para regiões carentes de médicos especialistas. A apresentação foi realizada no Campinas Health Technology & Innovation Summit, evento internacional com foco na discussão sobre saúde, inovação e tecnologia. Durante a conferência, que aconteceu entre os dias 6 e 8 de outubro, houve a conexão de três histórias com pessoas de lugares totalmente diferentes, mas com um propósito em comum: o uso da tecnologia para a promoção do acesso à saúde em lugares remotos.
Enquanto Adriana Mallet subia ao palco da Sala Viracopos no Instituto IOU na Universidade de Campinas, a cearense Daniele Cristina embarcava na jornada entre sua casa e a Unidade de Telemedicina Avançada (UTA) instalada em Acaraú, no Ceará. A jovem mulher não estava sozinha, carregava em seu ventre, João. Chegando à UTA, a mãe e o bebê encontraram a enfermeira Carol Silveira que os aguardava para realizar um dos exames mais esperados durante a gravidez: a ultrassonografia. Ao mesmo tempo, em Valença, no interior do Rio de Janeiro, a especialista em Medicina Fetal, Carolina Narciso entrava no SIAS, sistema de teleatendimento usado pela SAS Brasil, para realizar uma teleultrassonagrafia.
As três histórias se cruzam no momento em que a CEO apresentou no telão para pesquisadores, inovadores e especialistas de saúde a transmissão ao vivo da realização do ultrassom de Daniele, realizado a 2.750 quilômetros de distância. “A realização de um exame tão importante para a gestante e o seu pré natal de forma remota é a prova do quanto a telessaúde pode tornar o acesso a consultas e exames mais rápido aos moradores de lugares carentes de médicos especialistas”, explica Adriana ao refletir sobre o impacto que a inovação aplicada à telessaúde tem na vida dos mais de 65 milhões de brasileiros que não têm acesso à saúde especializada, segundo dados da Demografia Médica do Brasil de 2020.
Confira a apresentação da médica Adriana Mallet na íntegra e entenda como o exame de teleultrassonografia acontece na prática
“Tem muita inovação acontecendo, mas a vida de milhões de pessoas nem começou a mudar e precisamos fazer algo para transformar essa realidade”, apontou a co-fundadora da startup social. A democratização do acesso à tecnologia na saúde faz parte do modelo de atuação da SAS Brasil, alavancando oportunidades de impactos de negócios com foco social. Impacto esse que acontece diretamente na vida de pacientes como Daniele, que é acompanhada pelo modelo Saúde 1.5 antes mesmo de sua gestação.
O processo de teleutrassonografia é realizado desde a captação das gestantes, que é feita junto às Unidades Básicas de Saúde próximas aos locais de atendimento da SAS Brasil. No exame, realizado à distância pela médica que é auxiliada por uma enfermeira que acompanha a gestante, três telas são usadas para que o momento se torne mais acolhedor para a gestante e funcional para a médica.
“Uma câmera filma a sala em que estão a enfermeira e a paciente fazendo o exame, outra filma a médica e a última tela mostra as imagens do ultrassom. Ao finalizar o procedimento, a médica envia o laudo e a gestante já sai com o seu exame impresso”, explica enfermeira da SAS Brasil responsável pelo procedimento, Carol Silveira.
Unidade de Telemedicina Avançada. Sistema de Prontuário Eletrônico. Unidades Móveis de Saúde. Cabines de Telessaúde. Essas são algumas das soluções de ponta usadas pelo modelo Saúde 1.5. Em parceria com a Secretaria de Saúde, que envia os pacientes, a instituição atua de forma presencial ou pela telessaúde, realizando mais de 10 exames, como telecolposcopia, dermatocospia e otoscopia. Proporcionando maior resolutividade aos atendimentos, o paciente é direcionado para atenção primária ou secundária já com a visão de um especialista.
“A importância da inovação tecnológica na saúde é, entre tantos outros fatores, que conseguimos ampliar significativamente o número de consultas e trazer para perto da moradia das pessoas um atendimento que elas teriam que viajar mais 50 Km para fazer. Essa questão vai muito além da distância, realizar exames por meio do projeto de Telessaúde faz com que os pacientes não gastem dinheiro para se deslocar e evitam desgaste físico e à sua saúde, já que tem que viajar por muitas horas para serem atendidos”, finaliza a enfermeira Carol Silveira.