Sistema SIAS é utilizado para diagnóstico do câncer de colo de útero e realização de ultrassonografia à distância em mulheres de regiões sem acesso a médicos especialistas

Utilizar a tecnologia para promover a realização de exames ginecológicos à distância para mulheres que moram em regiões sem acesso à saúde especializada. Com o SIAS, sistema de telemedicina da health tech SAS Smart, braço de tecnologia do grupo SAS,  o projeto de saúde da mulher da SAS Brasil, realiza exames de colposcopia e ultrassonografia obstétrica à distância em pacientes do Ceará, Maranhão e Goiás, onde a organização social possui Unidades de Telemedicina Avançada instaladas. 

O sistema inovador foi premiado na categoria Saúde Feminina do Prêmio Dasa de Inovação Médica, realizado nesta quarta-feira (23), com a curadoria da Veja Saúde. Com a tecnologia aliada ao projeto de cuidado à saúde feminina, a SAS Brasil já beneficiou mais de 4 mil pessoas apenas em 2022.

Na telecolposcopia, a paciente conta com presença física de uma enfermeira e o acompanhamento remoto de um médico especialista. Além disso, os profissionais de saúde contam com o apoio de um algoritmo gerado a partir de um banco de imagens que faz parte de um projeto de inteligência artificial. Essa ferramenta sinaliza, entre as imagens recebidas, aquelas que têm maior risco de serem um câncer, auxiliando principalmente na exclusão dos casos que não são câncer de colo do útero e na antecipação do diagnóstico daquelas com padrão alterado. Atualmente, o exame é realizado durante a coleta do exame preventivo periódico das pacientes das localidades atendidas pela SAS Brasil.

A ideia, conforme explica Adriana Mallet, médica e co-fundadora da SAS Brasil, é que ao invés de passar por até oito etapas (entre consulta, retorno, encaminhamento para especialista, colposcopia, biópsia e início do tratamento) a mulher que vai fazer a prevenção periodicamente já realize a colposcopia, que nada mais é do que uma imagem do colo do útero interpretada por um especialista e que nessa avaliação ela já saiba se tem alguma lesão. 

Se tiver alguma lesão suspeita, o plano é que a profissional de saúde que está atendendo ela já colete a biópsia, encaminhe para análise e, caso seja câncer, a paciente já possa iniciar o tratamento com muito mais rapidez e em um estágio menos avançado, onde pode ser resolvido com procedimentos simples como a cauterização da área afetada.

“Com esse método de rastreio organizado, que desde 2014 conta com o apoio da Roche Brasil, conseguimos evitar que centenas de mulheres gastem tempo e dinheiro viajando centenas de quilômetros até os grandes centros urbanos para realizar um exame que para cerca de 50% delas não demandará mais nenhuma conduta”, afirma Adriana. E o mais importante, complementa, “garantimos que aquela porcentagem de mulheres que realmente vai precisar de uma investigação mais aprofundada consiga atendimento mais rápido e sofra menos, tendo acesso a um diagnóstico precoce e um tratamento mais simples”. 

Três telas são usadas durante a teleultrassonografia para que o momento se torne mais acolhedor para a gestante e funcional para a médica – Foto: SAS Brasil

Já o acompanhamento gestacional pela teleultrassonografia começa com o mapeamento das gestantes da localidade, feito junto às Unidades Básicas de Saúde próximas às UTAs da SAS Brasil. Após acolhida inicial da gestante, ela passa a realizar as ultrassonografias à distância. O exame é realizado com equipamentos doados pela Philips Foundation, com a médica especialista acompanhando remotamente a enfermeira, previamente capacitada, que realiza os movimentos do transdutor, aparelho responsável por gerar as imagens do ultrassom.

Uma câmera filma a sala em que estão a enfermeira e a paciente fazendo o exame, outra filma a médica e a última tela mostra as imagens do ultrassom para que a especialista possa acompanhar o exame em tempo real. Ao finalizar o procedimento, a médica envia o laudo e a gestante já sai com o seu exame impresso.

“A importância da inovação tecnológica na saúde é, entre tantos outros fatores, que conseguimos ampliar significativamente o número de consultas e trazer para perto da moradia das pessoas um atendimento que elas teriam que viajar mais 50 Km para fazer. Essa questão vai muito além da distância, realizar exames por meio da telemedicina faz com que os pacientes não gastem dinheiro para se deslocar e evitam desgaste físico e à sua saúde, já que tem que viajar por muitas horas para serem atendidos”, explica a enfermeira responsável pelo acompanhamento das pacientes da SAS Brasil, Carol Lima. 

Aos 24 anos, Jaqueline Cardoso, mãe do Heitor, é um exemplo do impacto real de uma ação como essa. “Eu estava com 38 semanas de gestação quando descobri, na minha primeira teleultrassonografia na UTA da SAS Brasil no Preá (município de Cruz, no Ceará), que estava evoluindo para um quadro de pré-eclâmpsia e que meu filho estava com o peso de um bebê de 33 semanas”, relembra.

Naquele dia, Jaqueline foi encaminhada pela ginecologista e especialista em medicina fetal Carolina Narciso que realizou a teleultrassonografia e a consulta à distância, direto para o hospital da cidade, de onde ela seria transferida para outra unidade, com estrutura de UTI neonatal. “Hoje meu filho está bem e sendo acompanhado pela pediatra de vocês (da SAS Brasil). Há sete anos, não tive a mesma sorte. Meu filho nasceu morto, aos 9 meses de gestação, com um quadro muito parecido com esse”, revela a jovem mãe.

Para Adriana Mallet, médica e co-fundadora da SAS Brasil e da SAS Smart, ganhar o prêmio com um projeto focado na saúde da mulher é motivo de orgulho e realização para a organização. “Estou muito feliz com essa premiação, é um bicampeonato do prêmio Abril e Dasa. Em 2020 vencemos na categoria Medicina Social, com o projeto das cabines de teleatendimento, e agora na categoria Saúde Feminina, uma área super importante e relevante na minha história pessoal. O câncer de colo de útero é a doença que ainda é a quarta doença que mais mata mulheres no país e que agora tem uma nova forma de ser rastreada, diagnosticada e antecipar o tempo de tratamento”, ressalta a médica.

A startup social SAS Brasil atua desde 2013 levando atendimento em saúde especializada para regiões carentes de médicos especialistas. Com apoio das Unidades de Telemedicina Avançada (UTA), consultórios tecnológicos instalados em contêineres, com estrutura para atendimentos presenciais, remotos e híbridos, desde 2020, a organização aposta no modelo de atuação batizado de Saúde 1.5, em que atua como uma engrenagem entre a atenção primária e secundária, para dar celeridade às filas de espera do SUS para atendimentos especializados em regiões sem acesso a médicos especialistas. 

Apenas em 2022, com o projeto de saúde da mulher, a SAS Brasil já realizou mais de 500 atendimentos na linha de cuidado materno-infantil. São mais de 820 pessoas beneficiadas e 220 teleultrassonografias realizadas no último ano. Já nas ações focadas no rastreio organizado de câncer de colo uterino, são mais de 10.650 atendimentos, 21.940 pessoas beneficiadas e mais de 700 procedimentos ginecológicos realizados desde o início do projeto.