Dia do Orgulho LGBTQIAPN+: apenas 4,5% da comunidade está inserida no mercado de trabalho
No Brasil, apenas 4,5% das mais de 15 milhões de pessoas LGBTQIAPN+ estão empregadas
A presença do público LGBT+ no meio corporativo é uma temática que ainda precisa ser discutida. Números do Datafolha apontam que, dos mais de 15 milhões de brasileiros que pertencem à comunidade LGBTQIAPN+, apenas 4,5% estão empregados atualmente. Esse índice de desigualdade destaca a falta de oportunidades e a necessidade urgente de políticas inclusivas que promovam a equidade no mercado de trabalho, começando pela cultura organizacional de empresas, organizações e grandes corporações.
Não se trata apenas de promover diversidade de perspectivas, mas também de fomentar justiça e impacto social. A convivência e a colaboração no meio corporativo têm o poder de promover empatia e respeito, tanto dentro quanto fora do ambiente de trabalho, contribuindo para a redução de preconceitos e estigmas. Essa união de diferentes origens e pensamentos resulta em soluções criativas, eficazes e inovadoras, beneficiando toda a sociedade.
Cheios de orgulho e comprometimento social, a SAS Brasil é um símbolo de que diferentes vivências geram uma maior sensibilidade e insights valiosos. A organização social que tem como missão levar saúde a regiões escassas de atendimento médico especializado é fruto do amor de duas mulheres empreendedoras, e hoje conta com a forte presença de colaboradores LGBTQIAPN+. “Abraçar esse olhar diverso é um compromisso social fundamental que deve permear todas as iniciativas, até o dia em que não seja mais necessário lembrar que pessoas diferentes existem e precisam ser reconhecidas e incluídas”, afirma Sabine Zink, cofundadora e CEO da SAS Brasil.
“Não há distinção de aparência ou orientação sexual, apenas o reconhecimento do meu trabalho e eficiência”, comentou a estudante de psicologia Cecília Salinas, ao relacionar um ambiente trabalhista saudável para pessoas LGBTQIA+ com sua atuação no setor de Impacto da SAS Brasil. A estudante, que se identifica travesti, acredita que é necessário ir além dos programas de cotas socioeconômicas e incentivos estatais. “É crucial que as empresas ofereçam um espaço de acolhimento e diálogo. Isso se concretiza por meio da reeducação dos colaboradores, por exemplo”, enfatizou Cecília, que trabalha na organização há sete meses
A estratégia apresentada faz parte da rotina da SAS Brasil. Por meio de palestras, eventos e artigos, a organização busca fomentar a discussão sobre a inclusão e a diversidade no ambiente corporativo. Essas ações não apenas promovem a conscientização, mas também incentivam a criação de políticas internas que assegurem um ambiente de trabalho seguro e respeitoso para todos, independentemente de sua identidade de gênero ou orientação sexual. Apesar disso, é importante destacar, que não existe regulamentação ou normativa que estabeleça vagas afirmativas para o público LGBTQIAPN+. Ou seja, a decisão de contratação equitativa (ou não) depende amplamente das políticas internas de cada organização. Com isso, existem alguns pontos que precisam ser levados em conta, a começar pelo conceito da interseccionalidade.
“É necessário entender que a iniciativa precisa se estender às minorias dentro do contexto social (cor, formação e remuneração) em que essas pessoas estão inseridas, priorizando aqueles que se encontram em situação de vulnerabilidade e/ou marginalidade, como pessoas trans, queers, travestis e não-bináries”, afirma Anderson Gaspar, coordenador de relacionamento da SAS Brasil. O psicólogo enxerga na organização um forte propulsor de impacto social, graças às suas políticas internas: “A SAS Brasil é um grande exemplo porque não se trata apenas de uma organização social fundada por duas mulheres casadas, mas também da necessidade de se importar com o que acontece externamente na sociedade. Isso se reflete na aquisição de novos colaboradores, estagiários, voluntários e até mesmo no planejamento mensal pensado para garantir a permanência, o aprendizado e a harmonia de todas as partes envolvidas. E isso é bacana, porque esse ‘trabalho de formiguinha’ atravessa as paredes do trabalho!”, destaca Anderson.
A inserção plena de pessoas LGBTQIAPN+ no mercado de trabalho é contínua e requer esforços persistentes e conscientes de todos os setores da sociedade. Iniciativas como as da SAS Brasil demonstram que é possível criar um ambiente corporativo mais justo, inclusivo e inovador, que não apenas valoriza a diversidade, mas também colhe os benefícios sociais e econômicos dessa prática. À medida que mais empresas adotam políticas inclusivas e promovem a diversidade, caminhamos em direção a uma sociedade mais equitativa e harmoniosa, onde todas as pessoas, independentemente de sua identidade de gênero ou orientação sexual, têm a oportunidade de prosperar e contribuir para um futuro melhor.
Julia Batista