Por Guilherme Guimarães, coordenador do projeto de Saúde Mental do SAS Brasil

Estamos vivendo um momento bem importante da história da humanidade contemporânea e, com isso, muitos autores e pensadores estão publicando artigos e pensamentos sobre como lidar com tudo isso que está acontecendo. Um desses autores é David Kessler, especialista em luto, que nos convoca a pensar que estamos vivendo um luto generalizado. Na semana passada, os psicólogos do SAS Brasil compartilharam, durante uma live no Instagram, os argumentos e pensamentos de Kessler.

É muito importante pensar junto com o autor, em vez de simplesmente “seguir” suas ideias. Ele traz um panorama do que é o luto e de como podemos vivenciá-lo. Levantamos pontos importantes em sua teoria, como os diferentes estágios do luto, que não representam uma ordem ou regra, mas nos ajudam a compreender melhor os nossos sentimentos em relação ao período que estamos vivendo. Os estágios são: negação, raiva, barganha, tristeza, aceitação e significação, um último estágio adicionado recentemente pelo autor.

‘Esse desconforto que você está sentindo é luto’: leia entrevista com David Kessler

Cada estágio tem suas características e não se trata de algo linear. Podemos oscilar entre diferentes estágios e nos sentir mais parados em um do que em outro. Não há problema nenhum em estar em qualquer um desses estágios, mas é muito importante sempre tentar seguir para os dois últimos, a aceitação e a significação. Não estamos aqui romantizando tudo que acontece no estágio da aceitação. Muito pelo contrário, na verdade. Ao aceitarmos o que está ao nosso redor, podemos então nos empoderar de nossas atribuições e escolher as melhores maneiras para lidar com e como estamos vivendo os difíceis dias de hoje. A significação acompanha esse movimento, uma vez que, ao aceitarmos, o próximo estágio é criar algum sentido próprio em meio a tudo que vivemos e, assim, conseguir construir novos passos, novos caminhos e novos modos de lidar com nossas questões.

O objetivo dessa conversa e do texto do autor é entender que a busca do equilíbrio pode ser uma maneira para passarmos por esse luto da maneira mais saudável possível. A aceitação e a significação nos ajudam a entender os nossos limites e as nossas potências, as nossas faltas e as nossas características mais proveitosas. É importante entender que, neste momento, estamos vivendo algo que é comum a todos, em todo o mundo e ao mesmo tempo bastante individual a cada um de nós. É por isso que esse cuidado com cada um de nós acaba refletindo nos outros.

Com o texto do autor e a ajuda de muitos dos que fazemos o SAS Brasil, pensamos em dicas e em alternativas para passar por esse momento de luto que vivemos. A principal delas é a compaixão, consigo mesmo e com os outros. Vivemos em um momento difícil e estressante para muitos, então está tudo bem nos sentir estranhos e estar com algumas atitudes diferentes. O importante é estar atento a essas atitudes e sentimentos e, da melhor maneira, entendê-los e cuidar deles, sempre deixando sentir o que estamos sentindo. Estar presente nos momentos de tristeza faz parte de sentir e entender a tristeza. Não tenha pressa, tome seu tempo.

Para finalizar, deixamos aos leitores uma dica que apresentamos na nossa live: a mindfulness é uma prática interessante para termos um autoconhecimento mais amplo sobre nós mesmos, sobre os nossos sentimentos e para colocar em exercício a nossa atenção no dia a dia. É uma maneira excelente para conseguir lidar, principalmente, com os nossos sentimentos ansiosos. Sugerimos dois aplicativos que ajudam na prática da mindfulness: HeadspaceLojong. Sigamos firmes e sigamos juntos!